Estudante lagartense é pesquisadora em foguetes nucleares nos EUA
Ana Clécia Alves Almeida tem 22 anos e há oito anos saiu do povoado Brasília, no município de Lagarto, a 78 km da capital, para estudar o ensino médio integrado no Campus Aracaju do Instituto Federal de Sergipe. Foi aprovada, em 2015, no processo seletivo para o curso técnico em Química. Concluiu os estudos em 2018, e encarou um dos maiores desafios da sua vida: estudar nos Estados Unidos. Em 2023, cursará o último ano de Engenharia Mecânica, com foco em materiais e aeroespacial, na University of Akron, que fica em Ohio, estado no centro-oeste dos EUA, e está pronta para iniciar o seu doutorado, no próximo ano, em Engenharia Nuclear, aplicada a aeroespacial.
Este ano, Ana Clécia foi uma das quatro estudantes de graduação em todo os EUA a ser selecionada para uma fellowship no Centro de Pesquisa em Espaço Nuclear, onde o aluno tem a oportunidade de estudar a possibilidade e limites de desenvolver foguetes que usam energia nuclear como fonte de propulsão. “Um grande sonho sendo realizado. Tenho paixão por expandir os limites que os humanos hoje tem em explorar o universo e o estudo de energias alternativas e foguetes são alguns dos meios que nos permite ir além.”, revela.
Ano passado, Ana Clécia estagiou no Los Alamos National Lab, onde foi desenvolvido nos anos 1940 o projeto Manhattan , com o objetivo de construir as primeiras bombas atômicas da história, e hoje é o maior laboratório de defesa dos Estados Unidos. Uma das poucas estudantes do Brasil presente no LANL, a sergipana se dedicou aos estudos de fontes de energias alternativas. “Na faculdade, graças a todas as habilidades desenvolvidas no IFS, consegui me engajar desde cedo em pesquisas de alto nível e desenvolvimento de foguetes no clube de modelismo”, afirma.
Em 2022, ela também foi selecionada pela Fundação Estudar, organização sem fins lucrativos brasileira de incentivo à educação, para integrar o Programa de Líderes que selecionou 30 pessoas de mais de 34 mil aplicantes ao redor Brasil. O programa existe há mais de 30 anos e Ana Clécia é a primeira egressa do IFS e de Sergipe a fazer parte do projeto. A iniciativa tem como objetivo apoiar, reunir e desenvolver jovens mais promissores do país para que possam gerar transformações positivas no seu setor de atuação.
A ex-aluna do campus Aracaju integrou a equipe que criou e testou dois motores a líquido e marcou a história da faculdade no quesito propulsão aeroespacial em Ohio. “Agora, junto a um time de pessoas fantásticas, estou me dedicando a construir um lunar lander, que é um foguete controlado capaz de pousar”, anuncia.
TRAJETÓRIA
Para a egressa, o Instituto Federal de Sergipe teve papel fundamental em todo seu sucesso. “Já fazem quase cinco anos que me formei no IFS e me surpreende o quão bem que eu fui preparada por tantos queridos professores para enfrentar o mundo e os desafios. Em tanta andança pelo mundo, vendo tantas possibilidades, eu ainda escolho o IFS como a melhor das instituições de ensino médio que já conheci”, afirma. Durante o ensino médio integrado no campus Aracaju, Ana Clécia se destacava pelo excelente desempenho acadêmico e participação em competições científicas. “ Eu sempre fui muito envolvida com atividades físicas, especialmente o voleibol, com o mestre Marcos França. Fiz pesquisa com os professores Francisco Gumes e Paulo César Lima. Estava sempre engajada em olimpíadas, especialmente a química, com orientação do professor Albérico Lincoln e de robótica com a professora Leila Buarque. Mas muito mais foram os meus mestres que marcaram esse período e cada um deles tem um lugar reservado no meu coração e gratidão”.
Assim que concluiu o curso técnico integrado em Química, em 2018, Ana Clécia, antes de ir estudar nos Estados Unidos, teve a oportunidade de trabalhar para a General Electric, na Usina Termoelétrica Porto de Sergipe I, no município da Barra dos Coqueiros, a 7 km da capital. “Durante toda a minha trajetória o IFS tem sempre sido uma peça chave para onde hoje estou e, sem dúvidas, para onde irei futuramente”.
Por Marineide Bonfim Bastos – Portal IFS