Polícia confirma que corpo encontrado dentro de geladeira de apartamento em Aracaju é de advogado e jornalista gaúcho
O corpo encontrado dentro de uma mala na geladeira de um apartamento em Aracaju é do advogado e jornalista gaúcho Celso Adão Portella.
A informação foi confirmada na manhã desta quinta-feira (28) pela Secretaria de Segurança Pública de Sergipe. O corpo foi encontrado em avançado estado de decomposição por oficiais de Justiça durante uma ação de despejo, no último dia 20. Uma mulher de 37 anos, que morava no imóvel e diz ser companheira da vítima, foi presa suspeita de ocultação de cadáver.
A conclusão da identificação foi possível através de informações de prontuários clínicos e hospitalares de Celso, além de uma prótese que a vítima possuía. No apartamento, também foram encontrados documentos dele. Além disso, três filhos de Celso, que moram no Rio Grande do Sul, foram ouvidos pelos investigadores.
A causa da morte, que ainda é desconhecida, e a forma de conservação do corpo serão analisados pelo Instituto Médico Legal. “Temos que responder sobre o processo de conservação porque a grande dúvida da sociedade é como aquele corpo chegou naquele estágio de decomposição e não foi percebido pelos vizinhos”, disse o diretor do Instituto Médico Legal, Victor Barros.
Quem é a vítima?
Segundo a família, Celso Adão Portella, que hoje teria 80 anos, é natural de Ijuí, no Norte do estado, mas construiu a vida em Porto Alegre (RS). Ele deixou o estado em 2001, quando a mãe morreu, foi para o Espírito Santo e, depois os irmãos perderam contato. Celso é um de 12 irmãos e deixou quatro filhos no estado.
“A postura dele é de afastamento da família. Os filhos informaram que ele não dava notícias, nem tentava se comunicar. Diante da postura dele, alguns dos filhos que ainda procuravam contato, desistiram”, disse Tenório.
O advogado veio para Sergipe a convite da Universidade Tiradentes, onde trabalhou de 2005 a 2008 como professor e coordenador do curso de direito do campus de Propriá (SE). A instituição emitiu uma nota de pesar [veja nota na íntegra no fim da reportagem].
“Ele recebeu aposentadoria até 2019 pelo INSS. Estamos tentando receber informações das instituições financeiras, para saber se houve saque ou não”, disse o delegado.
‘Acham que ela recebia algum benefício dele’, diz advogada da suspeita de ocultar corpo
O que diz a suspeita?
Em depoimento, a mulher, que é técnica de enfermagem e tem 37 anos, afirma que o homem era seu companheiro e que o encontrou morto em 2016, após retornar do trabalho. Ela colocou o corpo em posição fetal dentro da mala e escondeu na geladeira por medo do que pensariam sobre a morte dele.
Durante o cumprimento da ordem de despejo, a mulher foi encontrada ferida, após ser tratada de lesões provocadas, segundo a polícia, por ela mesma. No imóvel também estava a filha dela, de quatro anos, que foi recolhida pelo Conselho Tutelar e encaminhada para a casa de familiares da mãe. A menina não tem registro de genitor. A mulher informou à polícia que o pai é um homem que atualmente reside no exterior.
Além da ocultação de cadáver, a mulher também está sendo acusada de maus-tratos contra a criança porque o apartamento estava em situação de insalubridade, com lixo e entulhos espalhados.
Atualmente, a suspeita está no Hospital de Custódia em tratamento psiquiátrico. A mulher será reavaliada em 45 dias e o hospital emitirá novo laudo, que será remetido à Justiça.
Vizinhos informaram que ela morava no local há cerca de 12 anos e não costumava receber visitas, mas também não levantava suspeitas.
Nota de pesar
“É com imenso pesar que a Universidade Tiradentes (Unit) comunica o falecimento do advogado Celso Adão Portella, que atuou como docente da instituição durante o período de 2005 a 2008, deixando sua marca frente à coordenação do curso de Direito no campus da Universidade Tiradentes na cidade de Propriá (SE).
Que Deus console profundamente todos os familiares e amigos, dando-lhes força e serenidade para atravessar esse momento de profunda dor.
Celso Adão Portella, descanse em paz”.
Via G1 SE